Depois das pressĂ”es e negociaçÔes com partidos do CentrĂŁo, a equipe do presidente Jair Bolsonaro aceita retirar da reforma da PrevidĂȘncia Social quatro pontos da proposta de emenda constitucional (PEC) que estĂĄ em tramitação na ComissĂŁo de Constituição e Justiça (CCJ) da CĂąmara. A intenção do governo com a demonstração de boa vontade para mexer no texto Ă© tentar aprovar a PEC jĂĄ nesta terça-feira (23).
Na avaliação de assessores do ministro Paulo Guedes (Economia), os trechos oferecidos para a tesoura do CentrĂŁo nĂŁo afetam a potĂȘncia fiscal da reforma e, por isso, poderiam ser negociados ainda nesta primeira fase de tramitação.
Na estratégia inicial, o governo só considerava a possibilidade de ceder na segunda etapa de tramitação do texto na Cùmara, durante os trabalhos da comissão especial, que analisarå o mérito da medida.
Os quatro pontos que o governo admite mexer na CCJ sĂŁo os seguintes:
- O que retira a obrigatoriedade de recolhimento de FGTS de aposentados e do pagamento da multa de 40% da rescisĂŁo contratual deles
- O que define o foro de BrasĂlia para qualquer tipo de ação judicial sobre questĂ”es previdenciĂĄrias da reforma
- Retirada da definição de aposentadoria compulsória da Constituição, transferindo mudanças para lei complementar
- O que deixa apenas nas mĂŁos do Executivo federal qualquer proposta de alteração nas regras da PrevidĂȘncia
- No caso da aposentadoria compulsĂłria de servidores, lĂderes do CentrĂŁo dizem que a medida pode ser uma estratĂ©gia do governo Bolsonaro para abrir vagas em tribunais superiores, como o Supremo Tribunal Federal (STF).Recentemente, a idade da aposentadoria compulsĂłria passou de 70 para 75 anos. Retirando esse ponto da Constituição e transferindo mudanças para a lei complementar, ficaria mais fĂĄcil reduzir essa idade e nĂŁo haveria impacto, principalmente, no perĂodo de aposentadoria de ministros de tribunais.O governo nĂŁo quer ceder alĂ©m desses quatro pontos. ModificaçÔes em itens como o BenefĂcio de Prestação Continuada (BPC) e aposentadoria de trabalhadores rurais – que sĂŁo vistas como certas na comissĂŁo especial – ficariam apenas para a segunda fase de tramitação.Paulo Guedes avalia que ceder ainda na primeira fase de tramitação enfraquece a estratĂ©gia do governo. O ministro da Economia preferia deixar qualquer mudança para a comissĂŁo especial.No entanto, ele e o secretĂĄrio da PrevidĂȘncia, RogĂ©rio Marinho, avaliaram que o governo pode fazer gestos na direção do Legislativo aceitando retirar pontos "laterais" da reforma, que nĂŁo comprometem a previsĂŁo de economia de R$ 1 trilhĂŁo no perĂodo de dez anos.O relator do parecer de admissibilidade na CCJ da CĂąmara, deputado Delegado Marcelo Freitas (PSL-MG), deve redigir novo parecer, fazendo os ajustes negociados nos Ășltimos dias entre os partidos do CentrĂŁo e o governo.Ao longo desta segunda-feira (22), RogĂ©rio Marinho terĂĄ reuniĂ”es com Paulo Guedes e conversas por telefone com lĂderes partidĂĄrios para tentar fechar o acordo.
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