Quem faz as contas já reparou: os preços nos supermercados estão cada vez mais altos. Em abril, a prévia da inflação oficial do Brasil, medida pelo IPCA-15, acumulou alta de 12,03% em 12 meses.
Entre os itens que mais subiram no período, a cenoura leva o troféu, com alta de 195%. Tomate e abobrinha completam o pódio, subindo 117,48% e 86,83%, respectivamente.
Se você acha que consegue colocar cada vez menos compras no carrinho do mercado, não é só uma impressão: o valor do dinheiro está "encolhendo" mesmo. Especialmente na hora de comprar alimentos e bebidas.
Custo do mercado explodiu
Para demonstrar como a alta da inflação afeta diretamente o poder de compra dos brasileiros, o g1 fez uma comparação entre a quantidade máxima de itens que era possível colocar no carrinho do supermercado com R$ 200 em março de 2020, 2021 e 2022, considerando os valores médios de produtos básicos.
Os preços foram divulgados por uma parceria entre o Procon-SP e o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).
Foram escolhidos, a partir dos itens da cesta básica:
13 produtos entre alimentos (arroz, feijão, café, ovo, carne, frango, leite, batata, pão francês, açúcar, óleo, farinha e margarina);
2 itens de higiene (papel higiênico e creme dental); e
2 para limpeza (sabão em pó e limpador multiuso).
Em março de 2020, para encher o carrinho com esses itens, o consumidor precisava de R$ 126,28. Já em março deste ano, eram precisos R$ 189,52 – uma alta de 50%.
Com a disparada de preços, o brasileiro que vai ao mercado com R$ 200 sai hoje com o carrinho bem mais vazio que há dois anos.
Na simulação feita pelo g1, seria preciso deixar na prateleira em março deste ano (na comparação com 2 anos antes):
1 dúzia de ovos
1 kg de feijão
1 litro de leite
1 kg de carne
1 pacote de papel higiênico
1 kg de frango
1 pacote de açúcar
1 limpador multiuso
1 litro de óleo de soja
1 kg de farinha de trigo
1 margarina
Explicações para a alta
De acordo com o Procon-SP, as variações de preços dos produtos da cesta básica aconteceram por motivos diversos. Entram na conta: excesso ou escassez na oferta ou demanda, preços de commodities, variações do câmbio, formação de estoques e desoneração de tributos, além de questões sazonais e climáticas.
A batata, por exemplo, que saltou de R$ 4,80 o quilo para R$ 6,35 entre os 12 meses, foi afetada pelo excesso de chuvas, que "provocou tanto a diminuição da colheita como a quebra de produtividade em algumas das regiões produtoras", diz o relatório do Procon.
Tomate, açúcar e feijão também sofreram com diminuição da área de produção. Para o açúcar, também contribuiu a maior demanda por etanol.
Já os preços de ovos e frango subiram porque os custos de produção aumentaram, sobretudo devido à valorização do milho e do farelo de soja.
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