Aconteceu o que estava ditado pela cartilha chavista: com aval do Conselho Nacional Eleitoral, controlado pelo governo, Nicolás Maduro foi declarado vencedor, com sete pontos de vantagem sobre Edmundo González Urrutia, numa apuração considerada sem transparência e sem legitimidade.
O resultado põe a Venezuela mais uma vez num terreno conhecido — de impasse, paralisação política e descrédito — já que foi contestado com veemência pela oposição e questionado pelos governos do Chile, Colômbia, da Argentina e do Peru. Ator essencial no processo, o Brasil até agora não se manifestou.
Pode-se afirmar que este cenário era previsto pelas denúncias de irregularidades que foram apontadas durante a apuração e não fugiam do roteiro de fraude de outras eleições na Venezuela. Ao contrário, ele se sofisticou ao longo de 25 anos de chavismo no poder. Ao meio-dia, meio da jornada eleitoral, pesquisas de boca-de-urna divulgadas ilegalmente pelo chavismo antecipavam a vitória de Maduro.
Nas seis horas entre o encerramento das urnas e o comunicado do presidente do CNE, os opositores do ditador relataram dificuldades para acessar as atas de votação e ameaças de paramilitares, que rondavam as seções eleitorais e intimidavam os credenciados pela oposição. O regime interrompeu a transmissão de dados para impedir o acesso da Plataforma Unitária Democrática, o bloco de dez partidos que desafiou Maduro, ao sistema de dados do CNE.
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