Observadas de longe, duas decisões recentes da Câmara dos Deputados serviram para emitir sinais distintos, quase contraditórios, para medir o apoio do governo Bolsonaro na Casa.
Uma delas foi durante a análise do projeto de voto impresso. Embora derrotada (para avançar, era necessário o apoio de dois terços dos deputados), a proposta recebeu 229 votos favoráveis, numa demonstração de força do governo. Juntas, as oposições conseguiram 218 manifestações contrárias. O suficiente para bloquear grandes (e polêmicos) projetos, mas não para emplacar o impeachment, que exige o apoio de 342 deputados.
Exatos dois meses se passaram e a Câmara acaba de mandar outro sinal para o governo com a convocação, aprovada por 310 votos, de seu ministro da Economia. Paulo Guedes precisará explicar aos deputados por que diabos mantém, sem nunca ter revelado em público, tanto dinheiro em dólar num paraíso fiscal das Ilhas Virgens Britânicas. Governistas tentaram transformar a convocação em convite. Em vão.
O número de deputados dispostos a constranger o ministro e explorar politicamente o episódio, como se pode notar, é mais próximo de 342. Entendedores entenderão.
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