A Justiça revogou a prisão de Carlos Eduardo do Sacramento Marques Santiago de Jesus, suspeito de participar do “Golpe do PIX”, menos de oito horas após o cumprimento do mandado de prisão preventiva. Ele havia sido detido na manhã desta quinta-feira (19), no bairro do Cabula, em Salvador.
O homem é apontado como um dos operadores do esquema de desvios de doações feitas a pessoas em situação de vulnerabilidade através do telejornal "Balanço Geral". De acordo com denúncia do Ministério Público da Bahia, os jornalistas Marcelo Castro e Jamerson Oliveira eram os líderes do grupo criminoso — os dois não tiveram as prisões decretadas.
Além de Carlos Eduardo, a Justiça havia determinado a prisão de Thais Pacheco da Costa, usando como argumento a "periculosidade" dos acusados e a "fuga do distrito da culpa". Mas a mulher nem chegou a ser detida.
Em nova decisão, a Justiça entendeu que a prisão deles seria antecipação da pena. Os demais suspeitos do esquema seguem em liberdade.
Não foram divulgados muitos detalhes sobre a suposta participação de Thais no esquema. Carlos Eduardo era um dos titulares das contas correntes em que o dinheiro era depositado, de acordo com o delegado Thomas Galdino, que esteve à frente da prisão.
Ao todo, 12 pessoas foram denunciadas pelo MP-BA por crimes como associação criminosa, apropriação indébita e lavagem de dinheiro. O grupo teria se apropriado de R$ 407.143,78, o equivalente a 75% dos R$ 543.089,66 doados pela audiência do programa. Do total desviado:
R$ 145.728,85 teriam ficado com Jamerson Oliveira.
R$ 146.231,07 teriam ficado com Marcelo Castro;
O g1 e a TV Bahia não conseguiram contato com as defesas de Carlos Eduardo e Thais. O advogado Marcus Rodrigues, responsável pela defesa de Jamerson e Marcelo Castro, disse que "continua fielmente acreditando na Justiça, uma vez que os dois não praticaram as acusações descritas na denúncia".
Relembre o caso
As doações eram feitas por telespectadores do "Balanço Geral", telejornal da Record Bahia/TV Itapoan no qual Castro e Jamerson trabalhavam — o primeiro como um dos principais repórteres, e o segundo como editor-chefe. O programa divulgava uma chave PIX para que o público pudesse ajudar os cidadãos cujas histórias eram relatadas junto a pedidos de ajuda.
A suspeita de desvio veio à tona em março de 2023 após uma denúncia informal feita à Record. A emissora logo iniciou uma investigação interna, identificou casos semelhantes, acionou a Polícia Civil e demitiu os profissionais envolvidos.
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