Fundada em 2004, na Bahia, em grande parte por mulheres, a Cooperativa Agropecuária Familiar de Canudos, Uauá e Curaçá (Coopercuc) se tornou uma referência na produção orgânica de frutas nativas da caatinga, como o maracujá e o umbu, que é o carro-chefe da casa.
Sua árvore, o umbuzeiro, está ameaçada de extinção, e, por isso, tem sido preservada e multiplicada pelas comunidades rurais da Coopercuc, que tem como um dos seus princípios a convivência com a diversidade do semiárido.
Dos 270 agricultores familiares cooperados, 70% são mulheres. Elas transformam as frutas das colheitas em doces, geléias e polpas que, além do Brasil, já foram degustadas em mercados como a França, Itália, Áustria e, mais recentemente, Alemanha.
Apesar de ter sido idealizada por mulheres, a Coopercuc só foi ter uma presidente em 2016, quando Denise Cardoso, de 31 anos, assumiu a gestão da organização com apenas 26 anos.
Nascida da comunidade de Caladinho, em Uauá, e formada em administração de empresas, Denise começou a ganhar o seu próprio dinheiro com 18 anos, quando se associou à cooperativa.
Sua trajetória, porém, é bem diferente das mulheres rurais que vieram antes dela.
Chegada das 3 madres
Tudo começou a mudar com a chegada de três freiras católicas canadenses ao município baiano de Uauá, em 1986: Monique Fortier, Martha D'aoust e Jaqueline Aubly.
Elas faziam parte do movimento das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), uma vertente da Igreja Católica que teve uma participação importante na formação religiosa e na organização social e política das populações mais pobres, principalmente durante a ditadura militar.